segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Um pouco além do sexo.

Uma vez Ele me disse que sexo era apenas 10% de uma relação, não me lembro de falarmos quase nada sobre esse assunto. Por um momento meu ou por falta de grande interesse dele especificamente nisso, o fato é que nunca levamos isso como foco/objetivo da relação que tivemos e para falar a verdade isso me agradava, porque quando se tira o foco do sexo, se abre espaço para uma série de outras coisas, no nosso caso pudemos ter aprendizagens cotidianas e muito intensas sentimentalmente (algo bem raro para a minha realidade, até então). Achava-o uma exceção linda diante das pessoas que eu convivia e não por causa da posição diante do sexo, isso era realmente o de menos, sim a coisa um com o outro, foi diferente e especial...tanto a cumplicidade, a entrega, a ligação, a intensidade, o carinho, o cuidado, respeito, sentimento, a inteligência, a empolgação, as brincadeiras e os planos, a forma que era um menino bobo e logo depois um homem meio sério, a dedicação e aquelas várias outras coisas só nossas.

Bem o tempo passou e eu demorei muito para aceitar e verdadeiramente entender que eu não iria encontrar outro alguém assim(que fosse tão especial e que me fizesse ficar tão brava as vezes), na verdade como eu já disse várias vezes aqui, eu tive realmente muitos problemas para me envolver com qualquer um depois, houveram coisas passageiras, esforços em pessoas legais, mas bem poucas que eu realmente me permiti envolver.

O fato é que eu só vim conhecer, na prática sexo, algum tempo depois. Com isso me percebi por outros ângulos, não eu não mudei a essa posição que sexo não deve ser um objetivo de um relacionamento, com o tempo percebi que para mim isso é ainda maior babaquisse ainda do que eu imaginava e que socialmente (às vezes de forma velada) se da maior importância do que a questão realmente tem. Só que aprendi também tem importância e que sustentar um relacionamento onde as partes se dão mal na cama é BEM complicado, até porque o sexo reflete uma série de questões da própria relação...

Assim ainda acredito hoje que não se deve condicionar um compromisso a sexo, sim uma liberdade que se atinge com a intimidade(que não tem necessariamente a ver com o tempo) e claro, com desejo e uma série de razões que “justifiquem” e lhe dê vontade de realmente fazer aquilo. Também não estou dizendo que sexo casual não é bom, porque mesmo as coisas “casuais” têm a razão de estar acontecendo na cabeça de cada um. Quando se perde até isso (essas razões) se alcança a banalidade e ao menos para mim, já não serve. Em qualquer relação de intimidade que eu estabeleça(de horas ou de vidas) eu preciso de trocas(que também não tem nada a ver com proporção) e encontros(Espinosa), quando não se tem nem isso não existe “motivo” para acontecer NADA e olha que até quando é físico especificamente já temos um motivo, uma troca, um porque.

Só que se dar bem no sexo, quando se tem algo além disso, também não assegura nada(algo assegura?), é um ponto importante positivo e só. Não sei exatamente o quanto acho importante sexo em uma relação. Mas não é nem de longe o que mais me importa(considerando sexo só a coisa em si, o que eu não acredito que seja só isso). Gosto de conhecer, explorar, experimentar, ficar abraçado, conversar, fazer nada junto, ficar olhando, sentir delicadamente cada centímetro com a ponta dos dedos, ver expressões, unhar, morder, apertar, dormir junto, dançar, rir de nós mesmos, beber vinho, sentir o cheiros, ouvir boa música, fazer as pazes, tomar sorvete, fazer e receber cafuné e carinho, brincar de cócegas, elogiar, ter e fazer boas surpresas, conversar sentados na cama, ou fazer tudo de outro jeito, ..., e ainda ter a liberdade para agir de forma sincera e espontânea com ele.

Um comentário:

Tânia Marques disse...

Legal a sua narrativa. Narrar-se é descobrir subjetividades, é permitir que outros devires surjam. Você consegue expor muito bem na escrita o fluxo de consciência, é sincera e transparente. Bacana mesmo. Beijos.