quarta-feira, 27 de maio de 2009

Em uma caixinha

Me lembro de uma meditação que fiz, a muitos anos atrás, me lembro muito bem...Uma experiência linda... Depois vim a repeti-la varias outras vezes (3anos e 1/2 no grupo), mais da primeira vez foi bem diferente... Em certo momento do exercício um sábio/mago(me lembro de ver as lágrimas escorrendo em seu rosto pela parte que uma espécie de capuz não cobria, mas estava firme) e me deu um presente, eu ganhei uma caixinha super frágil de veludo, rosa bebê...linda, sabia que ali dentro havia algo de especial, mas não era o momento de abri-la, ainda...Muito tempo depois fui me lembrar disso e não sei porque soube que aquele era um sentimento que mudou a minha vida. Ali na caixinha que parecia ser feita de um veludo como um papel mole, que se desfaria ao menor descuido.

*Não sei porque me lembrei dessa meditação hoje.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Se tornando adulta

Gosto de fazer psico, em muitas horas foi a única escolha certa achei ter feito(radical demais), já pensei em desistir, mas nada que tenha sido levado a serio, é o que me liga com o futuro, de alguma forma é a certeza que estarei presente no futuro(?).Sei que não parece um raciocínio muito concreto, e não é, mas só quero que intendam que é a maneira que me sinto, que por mais que as crises venham, e elas vem e vão intensas e frequentes, eu ainda estou aqui, e fazer faculdade é o meu certo, o meu seguro do momento.
Também faço iniciação cientifica, é muito bom, estou exausta...mas nem por isso devo desistir.
Sei que se eu tiver realmente eu irei me desdobrar mais, sei que eu ainda arrumaria tempo para mais coisas e se eu fosse um pouco mais organizada manteria minha casa mais limpa e arrumada(coisa que ela esta bemmmm longe, neste momento).
O mundo adulto pode ser bem cruel as vezes, e sim eu estou usando dele pra me esconder neste momento, com discursos do tipo "eu não tenho tempo para mais nada". Eu tenho consciência do quanto estou me mau-tratando(nem sei quantas vezes dormi minha cama esse ano, sei que foram bem poucas - meu sofá meu companheiro!Sempre acabo minhas noites por lá com a tv ligada)
Outras necessidades já não posso prometer porque infelizmente dependo de dinheiro e juro estou juntando o máximo que posso, por saber que se trata de uma NECESSIDADE(odeio não fazer algo em função do dinheiro).
Coisas sempre vão me afligir, mas tem dias como hoje que o silencio e a indiferença estarão presentes no meu rosto, é a coisa certa a fazer. É (sobre)viver, é crescer, é se tornar adulto e responsável. Com isso as vezes abrir concessões, se privar de algumas coisas(e também pessoas), ter que se esforçar e reconhecer que ainda há muito o que melhorar, sem que eu me esqueça do que aprendi, da adolescente e da criança que tem dentro de mim(mesmo tendo que cala-las do mundo). É ter que deixar alguns sonhos de lado, mesmo que essa não seja a opção que te faz mais feliz.

domingo, 10 de maio de 2009

Que os sentimentos nunca virem só lembrança

Não sei se me entenderiam...na verdade nem me interessa.
Hoje pensei em umas coisas...
(falei pra um grande amigo no msn e resolvi trazer o que disse pra cá)

'Tipo, penso nele tds os dias, sinto falta, e uma coisa q eu reparei é que essa coisa ''boa'', o sentimento legal ta nessa saudade... Parece que essa coisa do adorar, de gostar de alguém, de querer alguém pra si pra sempre, de gostar tanto que chega a doer, foi embora com ele...tipo acho que é pq nos gostávamos juntos e isso parou de fazer parte de mim.
Já ouvi de muita gente que isso voltaria com o tempo, e eu já tentei.... parece q eu perdi essas capacidades....Não sofro por isso, meio que foi acontecendo... mas coisas assim querendo ou não fazem você perder essa capacidade não só por um alguém, mas pelas coisas diária e pessoas que eu convivo também.
E se um dia ele for muito mais lembrança do que apenas saudade? se eu me lembrar, achar que foi bom e não me comover nem com isso e ao mesmo tempo não me comover mais com nada nem com ninguém?
É muito assustador só de pensar que um dia posso não gostar dele....
...
Lembranças são frias, são boas ou ruins só isso, são minimizadas....não são sentimentos complexos.
E pra falar a verdade acharia péssimo que ele fosse apenas uma lembrança boa, mesmo que a melhor ou uma das melhores.'

quarta-feira, 6 de maio de 2009

O mundo real e minhas modificações.

Eu nunca sofri diretamente um preconceito por conta de ter cabelo colorido, piercing e alargadores, não no qual eu tenha perdido oportunidades, apenas me renderam olhares(dês dos curiosos aos de repugnação e outros de admiração), morando em uma cidade pequena de 80mil habitantes era tudo bem mais chamativo quando isso lá é ainda mais incomum, não que a onde eu moro, 300mil habitantes, também não aconteça com menos freqüência dessas coisas. A não ser que me desrespeitem ou “sequem” eu não me importo que olhem, que não gostem(respeito que tenham opiniões diferentes da minha) desde que não me ofendam, cada um tem o direito de achar o que quiser. Mas em todo caso, respeito e desconfiometro, sempre é bom obrigada!
Minha mãe respeita muito essas coisas em mim, não acha bonito, não elogia, só respeita. Meu pai de vez enquando reclama, diz que isso é uma agressão ao meu corpo, que as pessoas vão me excluir por conta disso e tal, mas ele mesmo já disse que jura que isso é uma fase, que uma hora vou para o mundo real e vou ter que me adequar aos padrões sociais. (não obrigada!)
Tenho plena consciência que eu ser assim pode me atrapalhar profissionalmente, infelizmente, mas lamento desapontar quem espera a minha desilusão, enquanto eu puder sustentar quem eu sou como eu gosto, eu irei fazer. Eu só acho que a estética (tanto na beleza/aparência, quanto a forma de se vestir, gostos pessoais ou modificações corporais) de forma não extrema(bom senso sempre!) não deveria influir na qualificação das capacidades de cada um.
Hoje me indicaram para participar de uma pesquisa científica como voluntaria, em primeiro momento, só bons alunos interessados foram indicados. A orientadora disse que me imaginava totalmente diferente. Achei que ela quis dizer "mais normal", mas tudo bem, não me senti ofendida de forma alguma, na verdade achei engraçada a situação. Quando sai da sala fiquei muito animada com a idéia toda e por ter sido chamada exclusivamente por mérito meu e que mesmo não sendo o comum da realidade daquela professora ela não me desqualificou por não achar minha aparência comum(comum na minha faculdade é andar de botina). Conseguir essa indicação por mérito, mesmo que não de em nada, me deixou orgulhosa de mim mesma, é um reconhecimento de esforço e interesse no curso. É a comprovação de que eu tenho capacidade pra ir além do básico das minhas aulas. É quem sabe um estimulo pra uma teoria minha: “se um dia eu for uma profissional foda vão ter que me engolir o quanto modificada eu quiser ser”. (tomara)

Todas as cartas de amor...

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)

Álvaro de Campos